sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Divulgação V



Romance: O lado Selvagem, Jon Krakauer
Filme: 'O lado Selvagem', de Sean Penn. (Visionamento a 2 de Novembro)

Discussão
16 de Novembro, a partir das 21h

Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas
Entrada Livre

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A propósito de... Este país não é para velhos


Foi o preconceito que me acompanhou na leitura desta obra. Foi ele o principal responsável pela resistência que fui oferecendo aos parágrafos, página após página.
Em momento algum, este seria um livro que coubesse nas minhas escolhas. O facto de dele ter sido feita uma adaptação cinematográfica, coroada de Óscares e um mega-sucesso de bilheteira, fez com que não conseguisse evitar um prévio julgamento pejorativo. Este país não é para velhos foi, em simultâneo, a negação e a confirmação dessa impressão primeira.
Relativamente ao filme, e estando muito longe de poder pronunciar-me com rigor, até porque nem me assiste conhecimento para tal, pareceu-me uma cópia do que no livro corresponde à acção principal (única, aliás), omitindo largamente aquilo que lhe confere o interesse de que efectivamente se reveste: as reflexões do Xerife Bell, já que são elas que dão sentido à obra, tornando-a quase relevante. À parte a interpretação magistral de Javier Bardem, sobra apenas uma banal história de tráfico e violência. Confirma-se, assim, o tal juízo negativo que se apoderou de mim. A sua negação acontece no livro e por culpa dos monólogos interiores de Bell, arauto daquilo que o tempo actual se encarregou de tornar utopia.
Há longos anos à frente dos destinos de uma pequena cidade texana, este homem foi pautando a sua conduta por sólidos princípios, os mesmos que o levarão a abdicar do cargo que ocupa, por achar que há uma desadequação profunda entre aquilo que defende e aquilo que o rodeia. Os tempos mudaram e ele foi incapaz de os acompanhar, já que o que exigiam era, se não a negação, seguramente o ignorar de tudo quanto o construía enquanto Homem. Acredita na verdade, até porque ‘…depois de todas as mentiras terem sido contadas e esquecidas, a verdade perdura ainda. (…) É a matéria de que são feitas as nossas palavras.’ Luta pelo Bem, mas apercebe-se que ‘Quando se fala em certo e errado às pessoas de agora, elas têm tendência para sorrir.’ Acredita na família e no amor, chegando a ser dolorosamente ingénua a dedicação que tem à esposa. Quando tudo à volta arde, o amor que lhe entrega fortalece-se, sem terror de ‘amar num sítio tão frágil como o mundo’(1). Toma consciência da degradação das gerações mais novas, que em vez da irreverência própria da idade, mergulham em submundos . Defende a tolerância, o altruísmo e o respeito, mas sabe que ‘provavelmente, o único motivo que faz com que ainda esteja vivo é o facto de não lhe terem respeito nenhum.’
Nos antípodas desta personagem encontramos Chigurgh, a personificação do Mal, Satã que, qual fantasma, ‘anda por aí à solta’. Encarnação dos contra-valores, deles é cumpridor metódico e incansável. No universo em que vive, que criou, é um homem vertical e honesto para quem a morte é só a morte e que, impassivelmente, mata em nome das metas traçadas.
Trava-se, entre estas duas personagens o duelo superior e antiquíssimo: o Bem vs o Mal. Vence o Mal: Chigurgh, impune, deambula nas trevas, onde continua a lutar pelos seus princípios invertidos. Vence o mal, e com mérito até, já que revestido de coerência. Aos pés de Satã morre, angustiado de desistência, o Xerife Bell.
Não é para velhos o seu país. E se, por sinédoque, o país de Bell for o mundo que habitamos? E quem são os velhos? Homens e mulheres enlouquecidos pelo tempo dos tempos, ou metáfora inquietante de todos quantos sentem a vulnerabilidade da rectidão dos princípios?
O velho Xerife abandona o cargo, reformando-se da própria vida, mas ela vem encontrá-lo e é justamente este encontro que valida todo o livro, tornando-o quase apetecível: ‘E no sonho eu sabia que ele ia desbravar caminho e que tencionava atear uma fogueira algures, no meio daquelas trevas tão densas e daquele frio tão cortante, e sabia que, quando eu lá chegasse, ele estaria à minha espera. E foi então que acordei.’
Na escuridão absoluta das ‘trevas tão densas’ e tão gélidas, um archote ilumina o caminho, onde a raiz, pacientemente, aguarda que se renovem os ramos. Bell acorda. Apenas do seu sono ou do marasmo da desistência que o tomou?
Não acredito na ingenuidade deste final. Acredito, ingenuamente talvez, que há aqui o passar de uma mensagem de esperança e o de um apelo à lucidez dos ideais, que os tempos que correm insistem em deturpar. Que permitimos que sejam deturpados.

Utopia, utopia.
Mas sem ela, onde fica o horizonte?

Antónia Mancha

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(1) Do poema 'Terror de te amar', de Sophia de Mello Breyner

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Divulgação IV



Este país não é para velhos de Cormac McCarthy é a obra proposta para o mês de Outubro. O livro de McCarthy inspirou o filme homónimo dos irmãos Coen.
O filme vencedor de quatro óscares em 2008 (melhor filme, melhor realização, melhor adaptação e melhor actor secundário) estará em exibição na Biblioteca Municipal de Lagos na segunda-feira, dia 12 de Outubro, às 21h00.
Discussão:

26 de Outubro, a partir das 21h
Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas
Entrada Livre

sábado, 19 de setembro de 2009

Divulgação III




Romance: Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira
Filme: 'Uma Abelha na Chuva', de Fernando Lopes

21 de Setembro, a partir das 21h
Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas
Entrada Livre

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Divulgação II


Houve uma alteração ao programa de leitura para o mês de Fevereiro. Em vez de a Mancha Humana, a obra proposta para este mês é O Amor nos Tempos de Cólera de Gabriel García Márquez, publicado em 1985.
A visualização do filme homónimo, de Mike Newell, terá lugar na próxima segunda-feira, dia 2 de Fevereiro.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A propósito de ... O Banquete do Amor


O Clube de Leitura reuniu ontem na Biblioteca de Lagos para discutir a obra "O Banquete do Amor" e o filme homónimo.
O livro apresenta várias histórias sobre o amor que Charles, o autor do romance que se inclui também como personagem da história, compila após ter interrogado várias personagens que lhe foram sugeridas por Bradley, homem magoado por duas relações mal sucedidas. As duas ex-mulheres de Bradley, um jovem casal apaixonado que trabalhava no café que Bradley geria e um professor de Filosofia amigo e vizinho de Bradley, contribuem com as suas vivências pessoais para o livro que Charles (autor-personagem) está a escrever e que, por sugestão de Bradley, se chamará "O Banquete do Amor", título de um quadro da sua autoria.
O filme, apesar de alterar inúmeros pormenores do livro, segue de perto as histórias principais relatadas na obra.
Alguns membros do Clube de Leitura consideraram que o livro peca por falta de equilíbrio, pois, sentiram, ao longo da leitura, que nem sempre a qualidade da escrita acompanhava o conteúdo.
De uma maneira geral, considerou-se que o filme foi melhor conseguido do que o livro, embora também tenha sido apontado que o filme pouco ou nada trouxe de novo e que, em alguns momentos, até eliminou algumas aspectos interessantes.
Foi também criticado o excesso de cenas de cariz sexual e o vocabulário utilizado para as narrar, sobretudo no livro, pois, para além de abundantes eram, por vezes despropositadas.
A personagem considerada mais cativante foi a do professor de Filosofia Harry, no filme brilhantemente interpretada por Morgan Freeman, que enfrentava, juntamente com a sua mulher Esther, um enorme desgosto pela perda do filho Aaron.